Cidades devem propiciar a convivência, a troca de experiências e a diversidade, que possibilitam oportunidades educativas e o enriquecimento da nossa visão de mundo
O espaço urbano como um local potente para a aprendizagem e a participação social, a partir dos encontros, vivências e trocas de experiências que ele proporciona. Esse foi o tema do webinário “Urbanismo e educação: a formação de cidadãos engajados na construção de cidades educadoras”, realizado em 7 de outubro.
Ele é o sexto de uma série de encontros virtuais que a BEI Educação está realizando em parceria com o Itaú BBA. Participaram da conferência o consultor internacional Jorge Melguizo, que foi secretário de desenvolvimento social de Medellín, na Colômbia, e Cláudia Vidigal, representante da Fundação Bernard van Leer, no Brasil, que lidera a iniciativa Urban95 no país. A mediação foi de Tomas Alvim, editor e sócio da BEI Editora e coordenador do laboratório Arq.Futuro Cidades dos Insper. Veja, a seguir, algumas das principais ideias debatidas no encontro.
Cidades como espaços inclusivos e diversos
As cidades moldam as relações entre as pessoas e as oportunidades de aprendizagem que nela podem acontecer. Essas oportunidades educativas ocorrem a partir de encontros potentes e transformadores não só entre pessoas, mas entre elas e cenas, lugares, fatos e conteúdos, entre outros, que enriquecem a nossa compreensão do mundo. “Cidades educadoras são cidades que promovem a convivência, as interações e as trocas de experiências. A cidade é uma grande oportunidade de escapar dos algoritmos, enfrentar o novo e conhecer o diverso”, afirma Vidigal.
Articulação entre educação, cultura e urbanismo
A cidade de Medelín, nos anos 1990, tinha uma das maiores taxas de violência e de mortes por 100 mil habitantes do mundo e hoje é uma referência de cidade inovadora. Isso foi possível ao priorizar investimentos públicos e melhorar a qualidade dos serviços nos territórios com maior vulnerabilidade e também ao integrar educação, cultura e urbanismo. “Se buscamos a transformação da sociedade, os projetos educativos e culturais devem estar alinhados a essa mudança. É preciso fazer da educação o principal desafio cultural e da cultura o principal desafio educativo”, diz Melguizo.
Cidadão como agente transformador
Além da atuação do poder público e dos diferentes setores sociais, cada cidadão também pode contribuir para a formação de uma cidade educadora ao encontrar o seu espaço de participação. Isso vai depender dos caminhos pessoais e possibilidades de cada um. Esse processo pode envolver, por exemplo, a atuação na escola dos filhos, em um centro cultural comunitário, grupo de mães ou de moradores de um bairro.
Ensino integrado às questões da cidade
No contexto de uma cidade educadora cabe a reflexão sobre o tipo de ensino que se tem e aquele que se quer, pois ele deve contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico e científico e das habilidades relacionadas à empatia, à criatividade e ao respeito. Essa educação deve falar de sustentabilidade e equidade e criar espaços participativos. Conhecer a cidade, sua geografia, natureza, problemas e desafios também são condições fundamentais para essa educação cidadã que vai formar pessoas engajadas, conscientes e atuantes para construir uma sociedade mais inclusiva, diversa e com oportunidades iguais para todos.